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quinta-feira, 24 de abril de 2008

Bispo oficializa nova basílica no Ceará

Dom Fernando Panico confirmou a elevação do Santuário N. Sra. das Dores, em Juazeiro do Norte, para Basílica.

Crato. O bispo da Diocese do Crato, dom Fernando Panico, confirmou a notícia antecipada pelo Diário do Nordeste, na edição do dia l6. O Santuário de Nossa Senhora das Dores, localizado em Juazeiro do Norte, foi elevado a Basílica Menor, um título honorífico concedido pelo papa a igrejas em diversos países do mundo consideradas importantes por diversos motivos, entre os quais, veneração que lhe devotam os cristãos, transcendência histórica e beleza artística de sua arquitetura e decoração. No caso de Juazeiro do Norte, segundo dom Fernando, é um reconhecimento ao fenômeno das romarias em torno da figura do Padre Cícero Romão Batista.

Ao fazer a divulgação do decreto papal criando a Basílica, o bispo esclareceu que esta determinação não tem nenhuma ligação com o processo de reabilitação do Padre Cícero. Dom Fernando usou uma expressão bem sertaneja para acabar com as especulações em torno do assunto. “Podem tirar o cavalinho da chuva. A reabilitação é outro processo totalmente diferente”, comentou ele.


Ao afirmar que “não se pode alimentar fantasia”, complementou: “Este título não significa que Juazeiro vai ser sede de Diocese, ou que vai ser criada a Diocese de Juazeiro”. Também não é verdade que o bispo vai morar naquele município. Ele garantiu que, se um dia chegar a notícia da reabilitação, os romeiros tomarão conhecimento pela palavra do bispo e não pela imprensa como aconteceu agora.

O bispo anunciou que a instalação oficial da Basílica está prevista para o dia 15 de setembro, no encerramento da festa de Nossa Senhora das Dores, padroeira de Juazeiro. Ele advertiu que cabe a este município receber melhor os romeiros, mas a Basílica pertence à Diocese do Crato, que abrange 48 paróquias. Dom Panico também explicou que a palavra Basílica vem do grego. Significa “Casa do Rei e, consequentemente, a casa da rainha, que é N. Sra. das Dores”. Ao apresentar esta definição pediu maior participação dos fiéis nos atos litúrgicos da Igreja Católica e na vida da comunidade.

Mais informações:
Secretaria da Igreja Matriz, em Juazeiro do Norte
(88) 3511.2202
Secretaria de Turismo e Romaria
(88) 3511. 4040

Fonte: Diário do Nordeste

Caso Isabella Nardoni: um teste de paciência


Cronologia do caso Isabella: Clique aqui

Antes de mais nada, quero deixar bem claro que assim como todos os brasileiros estou indignado com a forma brutal que a pequena Isabella foi assassinada, sem nenhuma chance de defesa e ao que tudo indica pelo próprio pai e a madrasta num ato brutal e perverso.

Depois de pesar os prós e os contras resolvi escrever esse post. Nunca, jamais, em tempo algum se viu uma cobertura televisiva tão longa como essa. Agora o cidadão não tem mais o livre arbítrio de escolher o canal que quer assistir. Em 99% deles, não se fala em outra coisa. Isso me faz lembrar uma coletânea da Legião Urbana, "Mais do mesmo". Só muda o nome do canal, mas o assunto é sempre esse.

Todos nós queremos justiça nesse caso e que os culpados sejam punidos, mas isso que as emissoras de TV estão fazendo com o telespectador é um verdadeiro teste de paciência. É brincar com o bom senso do brasileiro.

Será que não se tem mais assunto para se discutir? O Brasil parou e agora só gira em torno desse caso?

Não seria hora de se exigir uma espécie de postura para o telejornalismo brasileiro?

Quantos casos como esse (ou até piores) não acontecem todos os dias no nosso país e a imprensa de um modo geral não dá a devida atenção?

E haja sensacionalismo na TV brasileira!

Vou ser sincero: nos últimos dias tenho ligado a televisão muito pouco. Esse caso pra mim já deu. Salve, salve os DVD's e os canais de filmes da TV paga. É nessa hora que a gente reconhece que eles são essenciais na nossa vida.

Culpados ou inocentes?

Diz a Bíblia: não julgueis, para que não sejais julgados. Acredito eu que o povo brasileiro já condenou esse dois. Mesmo sendo julgados inocentes pela justiça, não terão mais um dia sequer de paz até o fim de seus dias.

Domingo 21/04, eles deram uma entrevista exclusiva ao repórter da Rede Globo, Valmir Salaro (diga-se de passagem, um excelente repórter) que foi exibida no Fantástico. Assista a entrevista e tire suas próprias conclusões:

Parte 01



Parte 02



Parte 03



Parte 04


terça-feira, 22 de abril de 2008

Chuvas comprometem acervo em museu

O Museu de Arte Vicente Leite, no Crato, precisa de uma atenção especial, para que seu acervo não desapareça

Crato. O Museu de Arte Vicente Leite, instalado num prédio antigo da Casa da Câmara deste município, na Praça da Sé, onde já funcionaram a Prefeitura Municipal e a Cadeia Pública, vem sendo danificado ao longo dos anos. Este ano, com as fortes chuvas, as goteiras estão destruindo o seu rico acervo formado por mais de 225 peças, entre as quais, quadros de Sinhá D’Amora e Bruno Pedrosa e da escultora Celina Vaccani, fundadores do museu.

Uma das salas do Museu Vicente Leite, localizado no município do Crato. Apesar da aparente boa condição do local, este ano, com as fortes chuvas que caíram no Cariri, as goteiras estão destruindo o seu rico acervo (Foto: Antônio Vicelmo)

“Pelo menos, 15 quadros precisam ser restaurados. Outros estão necessitando de molduras”, admite a coordenadora do Museu, Rosana Xenofonte. De acordo com ela, existe uma idéia de transportar o acervo do local para o prédio do Banco do Brasil, na esquina das ruas Bárbara de Alencar com Senador Pompeu, que, conforme a coordenadora, oferece melhores e amplas condições para climatização.

Para o prefeito do Crato, Samuel Araripe, a melhor solução é reformar o prédio histórico da antiga Casa da Câmara do município.

Reformas

A Prefeitura, segundo Samuel, está empenhada nas reformas do prédio. Já foi, inclusive, nomeada uma comissão que cuidará do processo de preservação e também da restauração dos quadros existentes no museu.

O presidente desta comissão é o advogado George Macário. Os trabalhos já estão sendo realizados. No momento, está sendo feita a pintura do prédio. Conforme o prefeito Samuel Araripe, “em seguida, será feito o retelhamento”, informa.

A preocupação da administração municipal é compartilhada pelo diretor do museu de arte, o jornalista J. Lindemberg de Aquino. De acordo com o diretor, as dificuldades enfrentadas acontecem devido a “falta de verbas”, diz.

Aquino entende que o Museu deve permanecer no prédio da antiga Casa da Câmara por ser um equipamento histórico.

O problema vem de longe. Fundado em 1972 pelo então prefeito Miguel Soares, o Museu de Arte Vicente Leite foi sempre objeto de reclamações em razão da falta de uma climatização específica para preservação das obras de arte.

Durante a década de 90, o pintor Bruno Pedroza, um dos seus fundadores e colaboradores, ameaçou retirar seus quadros, sob o argumento de que não estavam bem cuidados.

Casa

O nome do Museu é uma homenagem ao artista cratense Vicente Leite em virtude de seu grande talento e contribuição artística para a cidade. A casa onde ele nasceu, localizada no bairro Batateira, só não caiu porque a responsável pela residência, dona Almina Arraes de Alencar Pinheiro, irmã do ex-governador do Estado de Pernambuco, Miguel Arraes, cedeu a casa para um casal para ser cuidada.

A família tem feito um grande esforço para preservar o patrimônio. “Foi nesta casa que o artista nasceu e viveu até os 8 anos de idade o pintor Vicente Leite”, conta dona Almina.

De acordo com ela, esta casa ainda tem outro fato a ser destacado. Segundo Almina, foi lá que moraram também os primeiros padres alemães que construíram o Seminário da Sagrada Família e o padre Azarias Sobreira.

Casa onde viveu o artista, localizada no bairro Batateira, também precisa de cuidados, para não ser destruída (Foto: Antônio Vicelmo)

Falta de interesse

Dona Almina lamenta a falta de interesse do poder público no sentido de preservar esta lembrança de um dos maiores artistas do Estado do Ceará. “Já falaram no tombamento da casa. Entretanto, ninguém apareceu para conversar com os herdeiros, que são os meus filhos”, conta dona Almina. Conforme ela, a família vem mantendo este marco histórico, no entanto, ninguém sabe até quando.

Mais informações: Museu Vicente Leite. Praça da Sé, no Centro do município do Crato, na região do Cariri - Ceará.

BELAS PREMIAÇÕES - Artista é destaque no mundo da pintura

Crato. Vicente Rosa Ferreira Leite nasceu neste município, no dia 6 de agosto de 1900 e morreu no Rio de Janeiro, no dia 14 de outubro de 1941. No fim da década de 10, com bolsa de estudos concedida pelo Presidente da Província do Ceará, Vicente Leite transfere-se para o Estado do Rio de Janeiro, matriculando-se no curso livre de pintura da antiga Escola Nacional de Belas Artes. Foi colega de turma, além de Cândido Portinari, de artistas importantes como Oswaldo Teixeira, Lula Cardoso Aires e Orlando Teruz, dentre outros.

Na Escola Nacional de Belas Artes, teve como mestres Lucílio de Albuquerque, Rodolfo Chambelland e João Batista da Costa, de quem recebeu direta influência e é considerado por muitos seu fiel seguidor.

Premiações

Vicente Leite recebeu todas as premiações às quais um pintor poderia aspirar em sua época: Menção Honrosa no Salão Nacional de Belas Artes, em 1924; Medalha de Bronze, em 1926; Medalha de Prata, em 1929; Prêmio de Viagem ao País, em 1935; e Prêmio de Viagem ao Exterior, em 1940 – suplantando o outro finalista José Pancetti –. Com esta viagem, ele deveria permanecer na Europa por dois anos. O artista receberia bolsa de estudos do governo brasileiro. No entanto, Vicente Leite não chegou a viajar, pois faleceu prematuramente no ano de 1941.

Vicente Leite também obteve diversos outros reconhecimentos ganhando a Medalha de Bronze no Salão Paulista de Belas Artes, no ano de 1938; Medalha de Prata, neste mesmo Salão, em 1939; e ainda, novamente, Medalha de Prata no Salão de Artes Plásticas do Rio Grande do Sul, em 1939.

Ele participou com destaque do Salão da Primavera no Liceu de Artes e Ofícios do Rio de Janeiro, em 1924; do Salão de Outono do Rio de Janeiro, em 1926; e, também, do Salão Municipal de Belas Artes do Rio de Janeiro, em 1935.

Exposições

Realizou, ainda, exposições individuais no Rio de Janeiro e em São Paulo, em 1936. No exterior, participou do Salão de Rosário, na Argentina, em 1929, e do Salão de Arte Contemporânea do Hemisfério Ocidental, em Nova Iorque, em 1941.

No Estado do Ceará, sua terra natal, Vicente Leite mereceu várias retrospectivas, destacando-se as individuais realizadas na Galeria Multiarte, no ano de 1995; no Centro Cultural Oboé, em 2000, localizado na Capital, Fortaleza; e na sede da Prefeitura do município do Crato, também no ano 2000, com obras cedidas pelo Centro Cultural Oboé.

Vale ressaltar que, estas duas últimas mostras, foram comemorativas dos 100 anos de nascimento do artista.

Antônio Vicelmo
Repórter

segunda-feira, 21 de abril de 2008

21 de abril: Dia de Tiradentes


Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, (Fazenda do Pombal, batizado em 12 de novembro de 1746Rio de Janeiro, 21 de abril de 1792) foi um dentista, tropeiro, minerador, comerciante, militar e ativista político brasileiro. No Brasil, é reconhecido como mártir da Inconfidência Mineira, patrono cívico e herói nacional.
Biografia
Nascido num sítio no distrito de Pombal, próximo ao arraial de Santa Rita do Rio Abaixo, à época território disputado entre as vilas de São João del-Rei e São José do Rio das Mortes, nas Minas Gerais, da Silva Xavier era filho do português Domingos da Silva Santos, proprietário rural, e da brasileira Maria Antônia da Encarnação Xavier, tendo sido o quarto dos sete filhos. Em 1755, após o falecimento da mãe, segue junto a seu pai e irmãos para a sede da Vila de São José; dois anos depois, já com onze anos, morre seu pai. Com a morte prematura dos pais, logo sua família perde as propriedades por dívidas. Não fez estudos regulares e ficou sob a tutela de um padrinho, que era cirurgião. Trabalhou como mascate e minerador, tornou-se sócio de uma botica de assistência à pobreza na ponte do Rosário, em Vila Rica, e se dedicou também às práticas farmacêuticas e ao exercício da profissão de dentista, o que lhe valeu a alcunha Tiradentes, um tanto depreciativa. Não teve êxito em suas experiências no comércio.
Com os conhecimentos que adquirira no trabalho de mineração, tornou-se técnico em reconhecimento de terrenos e na exploração dos seus recursos. Começou a trabalhar para o governo no reconhecimento e levantamento do sertão brasileiro. Em 1780, alistou-se na tropa da capitania de Minas Gerais; em 1781, foi nomeado comandante do destacamento dos Dragões na patrulha do Caminho Novo, estrada que servia como rota de escoamento da produção mineradora da província ao Rio de Janeiro. Foi a partir desse período que Tiradentes começou a se aproximar de grupos que criticavam a exploração do Brasil pela metrópole, o que ficava evidente quando se confrontava o volume de riquezas tomadas pelos portugueses e a pobreza em que o povo permanecia. Insatisfeito por não conseguir promoção na carreira militar, tendo alcançando apenas o posto de alferes, patente inicial do oficialato à época, e por ter perdido a função de comandante da patrulha do Caminho Novo, pediu licença da cavalaria em 1787.
Morou por volta de um ano na cidade carioca, período em que idealizou projetos de vulto, como a canalização dos rios Andaraí e Maracanã para a melhoria do abastecimento d'água no Rio de Janeiro; porém, não obteve aprovação para a execução das obras. Esse desprezo fez com que aumentasse seu desejo de liberdade para a colônia. De volta às Minas Gerais, começou a pregar em Vila Rica e arredores, a favor da independência daquela província. Organizou um movimento aliado a integrantes do clero e da elite mineira, como Cláudio Manuel da Costa, antigo secretário de governo, Tomás Antônio Gonzaga, ex-ouvidor da comarca, e Inácio José de Alvarenga Peixoto, minerador. O movimento ganhou reforço ideológico com a independência das colônias estadunidenses e a formação dos Estados Unidos da América. Ressalta-se que, à época, oito de cada dez alunos brasileiros em Coimbra eram oriundos das Minas Gerais, o que permitiu à elite regional acesso aos ideais liberais que circulavam na Europa.
Além das influências externas, fatores regionais e econômicos contribuíram também para a articulação da conspiração nas Minas Gerais. Com a constante queda na receita provincial, devido ao declínio da atividade mineiradora, a administração de Martinho de Melo e Castro instituiu medidas que garantissem o quinto, imposto que obrigava os moradores das Minas Gerais a pagar, anualmente, cem arrobas de ouro, destinadas à Real Fazenda. A partir da nomeação de Luís da Cunha Meneses como governador da província, em 1782, ocorreu a marginalização de parte da elite local em detrimento de seu grupo de amigos. O sentimento de revolta atingiu o máximo com a decretação da derrama, uma medida administrativa que permitia a cobrança forçada de impostos atrasados, mesmo que preciso fosse confiscar todo o dinheiro e bens do devedor, a ser executada pelo novo governador das Minas Gerais, Luís Antônio Furtado de Mendonça, 6.º visconde de Barbacena (futuro conde de Barbacena), o que afetou especialmente as elites mineiras. Isso se fez necessário para se saldar a dívida mineira acumulada, desde 1762, do quinto, que à altura somava 538 arrobas de ouro em impostos atrasados.
O movimento se iniciaria na noite da insurreição: os líderes da inconfidência sairiam às ruas de Vila Rica dando vivas à República, com o que ganhariam a imediata adesão da população. Porém, antes que a conspiração se transformasse em revolução, foi delatada aos portugueses por Joaquim Silvério dos Reis, coronel, Basílio de Brito Malheiro do Lago, tenente-coronel, e Inácio Correia de Pamplona, açoriano, em troca do perdão de suas dívidas com a Real Fazenda. Assim, o visconde de Barbacena suspendeu a derrama e ordenou a prisão dos conjurados em 1789. Avisado, Tiradentes escondeu-se na casa de um amigo no Rio de Janeiro, mas foi descoberto por Joaquim Silvério dos Reis, que o acompanhara em sua fuga a mando de Barbacena. Anos depois, por sua delação e outros serviços prestados à Coroa, dos Reis receberia o título de Fidalgo.
Dentre os inconfidentes, destacaram-se os padres Carlos Correia de Toledo e Melo, José da Silva e Oliveira Rolim e Manuel Rodrigues da Costa, o tenente-coronel Francisco de Paula Freire de Andrade, comandante dos Dragões, os coronéis Domingos de Abreu e Joaquim Silvério dos Reis (um dos delatores do movimento), os poetas Cláudio Manuel da Costa, Inácio José de Alvarenga Peixoto e Tomás Antônio Gonzaga, ex-ouvidor.
Os principais planos dos inconfidentes eram: estabelecer um governo republicano independente de Portugal, criar manufaturas no país que surgiria, uma universidade em São João del-Rei e fazer desta a capital. Seu primeiro presidente seria, durante três anos, Tomás Antônio Gonzaga, após o qual haveria eleições. Nessa república não haveria exército – em vez disso, toda a população deveria usar armas, e formar uma milícia quando necessária. Há que se ressaltar que os inconfidentes visavam apenas a autonomia da província das Minas Gerais, e em seus planos não estava prevista a libertação dos escravos africanos, apenas daqueles nascidos no Brasil.
Negando a princípio sua participação, Tiradentes foi o único a, posteriormente, assumir toda a responsabilidade pela Inconfidência, inocentando seus companheiros. Presos, todos os inconfidentes aguardaram durante três anos pela finalização do processo. Alguns foram condenados à morte e outros ao degredo; algumas horas depois, por carta de clemência de D. Maria I, todas as sentenças foram alteradas para degredo, à exceção apenas para Tiradentes, que permaneceu com a pena capital. Em parte por ter sido o único a assumir a responsabilidade, em parte, provavelmente, por ser o incofidente de posição social mais baixa, haja vista que todos os outros ou eram mais ricos, ou detinham patente militar superior. Por esse mesmo motivo é que se cogita que Tiradentes seria um dos poucos inconfidentes que eram maçons.
E assim, numa manhã de sábado, 21 de abril de 1792, Tiradentes percorreu em procissão as ruas do centro da cidade do Rio de Janeiro, no trajeto entre a cadeia pública e onde fora armado o patíbulo. O governo geral tratou de transformar aquela numa demonstração de força da coroa portuguesa, fazendo verdadeira encenação. A leitura da sentença estendeu-se por dezoito horas, após a qual houve discursos de aclamação à rainha, e o cortejo munido de verdadeira fanfarra e composta por toda a tropa local. Bóris Fausto aponta essa como uma das possíveis causas para a preservação da memória de Tiradentes, argumentando que todo esse espetáculo despertou a ira da população que presenciou o evento.
Executado e esquartejado, com seu sangue se lavrou a certidão de que estava cumprida a sentença, tendo sido declarados infames a sua memória e os seus descendentes. Sua cabeça foi erguida em um poste em Vila Rica, tendos sido rapidamente cooptada e nunca mais localizada; os demais restos mortais foram distribuídos ao longo do Caminho Novo: Cebolas, Varginha do Lourenço, Barbacena e Queluz (antiga Carijós), lugares onde fizera seus discursos revolucionários. Arrasaram a casa em que morava, jogando-se sal ao terreno para que nada lá germinasse.
Legado
Tiradentes permaneceu, após a Independência do Brasil, uma personalidade histórica relativamente obscura, dado o fato de que, durante o Império, os dois monarcas, D. Pedro I e D. Pedro II, pertenciam à casa de Bragança, sendo, respectivamente, neto e bisneto de D. Maria I, quem havia emitido a sentença de morte de Tiradentes. Foi a República – ou, mais precisamente, os ideólogos positivistas que presidiram sua fundação – que buscaram na figura de Tiradentes uma personificação da identidade republicana do Brasil, mitificando a sua biografia. Daí a sua iconografia tradicional, de barba e camisolão, à beira do cadafalso, vagamente assemelhada a Jesus Cristo e, obviamente, desprovida de verossimilhança. Como militar, o máximo que Tiradentes poder-se-ia permitir era um discreto bigode. Na prisão, onde passou os últimos três anos de sua vida, os detentos eram obrigados a raspar barba e cabelo a fim de evitar piolhos. Também, o nome do movimento, "Inconfidência Mineira", e de seus participantes, os "incofidentes", foi cunhado posteriormente, denotando o caráter negativo da sublevação – inconfidente é aquele que trai a confiança.
Tiradentes nunca se casou, mas teve dois filhos: João, com a mulata Eugênia Joaquina da Silva, e Joaquina, com a ruiva Antônia Maria do Espírito Santo, que vivia em Vila Rica. Atualmente, foi concedida à sua tetraneta Lúcia de Oliveira Menezes, por meio da lei federal 9255/96, uma pensão especial do INSS no valor de R$ 200,00, o que causou polêmica sobre a natureza jurídica deste subsídio, mas solucionado pelo STF no agravo de instrumento 623.655. [2]
Atualmente, onde se encontrava sua prisão foi erguido o Palácio Tiradentes; onde foi enforcado ora se encontra a Praça Tiradentes e onde sua cabeça foi exposta fundou-se outra Praça Tiradentes. Em Ouro Preto, na antiga cadeia, hoje há o Museu da Inconfidência. Tiradentes é considerado atualmente Patrono Cívico do Brasil, sendo a data de sua morte, 21 de abril, feriado nacional. Seu nome consta no Livro de Aço do Panteão da Pátria e da Liberdade, sendo considerado Herói Nacional.
Fonte: Wikipédia