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sábado, 19 de abril de 2008

Safra de feijão: Agricultores iniciam colheita


Crato. Os agricultores do Cariri iniciaram a colheita do feijão plantado em fevereiro, quando começaram as chuvas do inverno deste ano. Nesta época, é comum estender o feijão nas calçadas para secar, ou peneirar em arupembas de palhas, um hábito indígena que ainda está arraigado às tradições regionais. Apesar da forte concentração de chuvas no mês de março, a produção poderá ser maior do que no ano passado, segundo acredita o titular da Secretaria de Desenvolvimento Agrário (SDA), Camilo Santana, que esteve no Cariri, no fim de semana. Ele faz a estimativa com base nas medidas adotadas pelo governo para apoiar o produtor, como redistribuição de sementes, e no aumento da produtividade por hectare.

O secretário ainda garantiu que os produtores não terão prejuízos. Eles serão recompensados com o Seguro Safra, um programa que até então era destinado aos agricultores vítimas da falta de chuvas, tomando como base o efeito cíclico da seca no semi-árido, e com o objetivo de oferecer uma renda mínima aos agricultores de base familiar, que porventura venham a ter prejuízos de 50% ou mais de suas lavouras prejudicadas pela estiagem.



Medida Provisória

Santana informou que será editada uma Medida Provisória para estender o Seguro Safra aos agricultores que perdem suas safras por danos causados por enchentes. No Cariri, segundo Camilo, dez municípios tiveram perdas acima de 50%. Esta análise será feita criteriosamente, uma vez que o índice de perdas varia de uma localidade para outra.

Ao dar a informação, o secretário informou que estava esperando uma super safra de grãos. “No entanto, se levarmos em consideração o incremento da área plantada, a distribuição de novas sementes e a produtividade, os resultados serão positivos”, afirmou.

O excesso de chuvas destruiu mais da metade do feijão plantado nas partes baixas. A avaliação preliminar está sendo realizada pelo Sindicato dos Trabalhadores Rurais do Crato que iniciou um levantamento das perdas deste ano que aconteceram em todos os distritos deste município.

Idêntica pesquisa está sendo feita em nível regional pela Delegacia Regional da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado do Ceará (Fetraece) que abrange todos os municípios da região sul do Estado do Ceará.

O delegado da Fetraece, Francisco Alves, informou que ainda não tem o resultado oficial das perdas.

Na próxima semana, Alves se reúne com técnicos do governo do Estado. O objetivo do encontro é fazer uma avaliação conjunta dos prejuízos detectados nas plantações.

O líder sindical Zilcélio Alves diz que perdeu mais de 50% de seu plantio no Sítio Engenho da Serra, município do Crato. A insatisfação é geral.

Os agricultores argumentam que o problema maior foi a falta de sol, no momento da colheita, em que era para ser feita a secagem do feijão.

REPLANTIO NO CENTRO-SUL

Produtores recebem novas sementes

Lavras da Mangabeira. Aumentou nos últimos dias a pressão dos pequenos produtores rurais deste município por sementes selecionadas do programa Hora de Plantar. As águas baixaram e os agricultores que perderam a lavoura, por causa da cheia do Rio Salgado e de seus afluentes, renovaram a esperança e querem tentar um novo plantio.

Na sexta-feira da semana passada, o escritório local da Ematerce distribuiu 6500 quilos de sementes selecionadas de milho e feijão para 443 produtores de base familiar. A demanda, entretanto, não parou. Ontem, cerca de 100 agricultores estiveram no armazém usado pela Ematerce, na antiga estação ferroviária, solicitando mais sementes.

O objetivo dos pequenos agricultores é reduzir os prejuízos causados pela inundação. “A pressão por mais sementes aumentou e precisamos de mais 3500 quilos de milho e feijão para atender a demanda”, explicou o gerente do escritório local da Ematerce, Kleber Correia de Souza. “Vamos tentar encontrar sementes em outros escritórios”.

A distribuição da semana passada foi feita graças ao estoque excedente enviado por outros escritórios da Ematerce, na região Centro-Sul. A demanda de 4780 kg de sementes de milho foi atendida por Iguatu. Os agricultores querem fazer o replantio e esperam a continuidade das chuvas até junho.

De acordo com os dados do escritório local da Ematerce, a estimativa parcial da perda da lavoura em decorrência da inundação e do excesso de umidade nas áreas altas, é de 60%. “Calculamos que dois mil hectares foram atingidos e 1500 famílias prejudicadas diretamente com a cheia”, disse Kleber Souza.

Em uma reunião realizada, ontem, no escritório da Ematerce, com representantes de movimentos sociais, Kleber Souza mostrou preocupação com a limitação de tempo para o replantio. “Quanto ao feijão que tem ciclo produtivo de 40 dias ainda acho viável, mas com relação ao milho, que necessita de 65 dias e pelo menos 300 mm, pode não dá certo”, disse. “O prazo máximo para uma nova distribuição de sementes deve ser limitado até o próximo dia 18”.

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Lavras da Mangabeira, Caetano Primo, é a favor da distribuição de mais sementes para o replantio. “O agricultor teve prejuízo e precisa enfrentar um novo desafio para tentar reduzir a perda com a lavoura”.

Além da cheia, um fato particular contribuiu para o crescimento do prejuízo da lavoura em Lavras da Mangabeira. A estiagem ocorrida em 2006 fez com que a maioria dos agricultores, cerca de 60%, saísse das áreas altas e plantassem, neste ano, em áreas baixas. Os baixios foram inundados e o prejuízo aumentou.

Antônio Vicelmo
Repórter

Mais informações:
Fetraece
(88) 3521.1946
Sindicato dos Trabalhadores Rurais do Crato
(88) 3523.3809

Fonte: Diário do Nordeste

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