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terça-feira, 22 de abril de 2008

Chuvas comprometem acervo em museu

O Museu de Arte Vicente Leite, no Crato, precisa de uma atenção especial, para que seu acervo não desapareça

Crato. O Museu de Arte Vicente Leite, instalado num prédio antigo da Casa da Câmara deste município, na Praça da Sé, onde já funcionaram a Prefeitura Municipal e a Cadeia Pública, vem sendo danificado ao longo dos anos. Este ano, com as fortes chuvas, as goteiras estão destruindo o seu rico acervo formado por mais de 225 peças, entre as quais, quadros de Sinhá D’Amora e Bruno Pedrosa e da escultora Celina Vaccani, fundadores do museu.

Uma das salas do Museu Vicente Leite, localizado no município do Crato. Apesar da aparente boa condição do local, este ano, com as fortes chuvas que caíram no Cariri, as goteiras estão destruindo o seu rico acervo (Foto: Antônio Vicelmo)

“Pelo menos, 15 quadros precisam ser restaurados. Outros estão necessitando de molduras”, admite a coordenadora do Museu, Rosana Xenofonte. De acordo com ela, existe uma idéia de transportar o acervo do local para o prédio do Banco do Brasil, na esquina das ruas Bárbara de Alencar com Senador Pompeu, que, conforme a coordenadora, oferece melhores e amplas condições para climatização.

Para o prefeito do Crato, Samuel Araripe, a melhor solução é reformar o prédio histórico da antiga Casa da Câmara do município.

Reformas

A Prefeitura, segundo Samuel, está empenhada nas reformas do prédio. Já foi, inclusive, nomeada uma comissão que cuidará do processo de preservação e também da restauração dos quadros existentes no museu.

O presidente desta comissão é o advogado George Macário. Os trabalhos já estão sendo realizados. No momento, está sendo feita a pintura do prédio. Conforme o prefeito Samuel Araripe, “em seguida, será feito o retelhamento”, informa.

A preocupação da administração municipal é compartilhada pelo diretor do museu de arte, o jornalista J. Lindemberg de Aquino. De acordo com o diretor, as dificuldades enfrentadas acontecem devido a “falta de verbas”, diz.

Aquino entende que o Museu deve permanecer no prédio da antiga Casa da Câmara por ser um equipamento histórico.

O problema vem de longe. Fundado em 1972 pelo então prefeito Miguel Soares, o Museu de Arte Vicente Leite foi sempre objeto de reclamações em razão da falta de uma climatização específica para preservação das obras de arte.

Durante a década de 90, o pintor Bruno Pedroza, um dos seus fundadores e colaboradores, ameaçou retirar seus quadros, sob o argumento de que não estavam bem cuidados.

Casa

O nome do Museu é uma homenagem ao artista cratense Vicente Leite em virtude de seu grande talento e contribuição artística para a cidade. A casa onde ele nasceu, localizada no bairro Batateira, só não caiu porque a responsável pela residência, dona Almina Arraes de Alencar Pinheiro, irmã do ex-governador do Estado de Pernambuco, Miguel Arraes, cedeu a casa para um casal para ser cuidada.

A família tem feito um grande esforço para preservar o patrimônio. “Foi nesta casa que o artista nasceu e viveu até os 8 anos de idade o pintor Vicente Leite”, conta dona Almina.

De acordo com ela, esta casa ainda tem outro fato a ser destacado. Segundo Almina, foi lá que moraram também os primeiros padres alemães que construíram o Seminário da Sagrada Família e o padre Azarias Sobreira.

Casa onde viveu o artista, localizada no bairro Batateira, também precisa de cuidados, para não ser destruída (Foto: Antônio Vicelmo)

Falta de interesse

Dona Almina lamenta a falta de interesse do poder público no sentido de preservar esta lembrança de um dos maiores artistas do Estado do Ceará. “Já falaram no tombamento da casa. Entretanto, ninguém apareceu para conversar com os herdeiros, que são os meus filhos”, conta dona Almina. Conforme ela, a família vem mantendo este marco histórico, no entanto, ninguém sabe até quando.

Mais informações: Museu Vicente Leite. Praça da Sé, no Centro do município do Crato, na região do Cariri - Ceará.

BELAS PREMIAÇÕES - Artista é destaque no mundo da pintura

Crato. Vicente Rosa Ferreira Leite nasceu neste município, no dia 6 de agosto de 1900 e morreu no Rio de Janeiro, no dia 14 de outubro de 1941. No fim da década de 10, com bolsa de estudos concedida pelo Presidente da Província do Ceará, Vicente Leite transfere-se para o Estado do Rio de Janeiro, matriculando-se no curso livre de pintura da antiga Escola Nacional de Belas Artes. Foi colega de turma, além de Cândido Portinari, de artistas importantes como Oswaldo Teixeira, Lula Cardoso Aires e Orlando Teruz, dentre outros.

Na Escola Nacional de Belas Artes, teve como mestres Lucílio de Albuquerque, Rodolfo Chambelland e João Batista da Costa, de quem recebeu direta influência e é considerado por muitos seu fiel seguidor.

Premiações

Vicente Leite recebeu todas as premiações às quais um pintor poderia aspirar em sua época: Menção Honrosa no Salão Nacional de Belas Artes, em 1924; Medalha de Bronze, em 1926; Medalha de Prata, em 1929; Prêmio de Viagem ao País, em 1935; e Prêmio de Viagem ao Exterior, em 1940 – suplantando o outro finalista José Pancetti –. Com esta viagem, ele deveria permanecer na Europa por dois anos. O artista receberia bolsa de estudos do governo brasileiro. No entanto, Vicente Leite não chegou a viajar, pois faleceu prematuramente no ano de 1941.

Vicente Leite também obteve diversos outros reconhecimentos ganhando a Medalha de Bronze no Salão Paulista de Belas Artes, no ano de 1938; Medalha de Prata, neste mesmo Salão, em 1939; e ainda, novamente, Medalha de Prata no Salão de Artes Plásticas do Rio Grande do Sul, em 1939.

Ele participou com destaque do Salão da Primavera no Liceu de Artes e Ofícios do Rio de Janeiro, em 1924; do Salão de Outono do Rio de Janeiro, em 1926; e, também, do Salão Municipal de Belas Artes do Rio de Janeiro, em 1935.

Exposições

Realizou, ainda, exposições individuais no Rio de Janeiro e em São Paulo, em 1936. No exterior, participou do Salão de Rosário, na Argentina, em 1929, e do Salão de Arte Contemporânea do Hemisfério Ocidental, em Nova Iorque, em 1941.

No Estado do Ceará, sua terra natal, Vicente Leite mereceu várias retrospectivas, destacando-se as individuais realizadas na Galeria Multiarte, no ano de 1995; no Centro Cultural Oboé, em 2000, localizado na Capital, Fortaleza; e na sede da Prefeitura do município do Crato, também no ano 2000, com obras cedidas pelo Centro Cultural Oboé.

Vale ressaltar que, estas duas últimas mostras, foram comemorativas dos 100 anos de nascimento do artista.

Antônio Vicelmo
Repórter

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